FILHOTES DE TARTARUGAS MARINHAS
A cópula das tartarugas marinhas ocorre no mar e apenas as fêmeas sobem à praia para desovar. Após escolherem o local adequado e fazerem o ninho que possui em torno de 120 ovos, as mesmas retornam ao mar sem nunca conhecer a sua cria. Os ovos possuem período de incubação na areia de cerca de 60 dias. Durante esse tempo, o sexo das novas tartarugas será definido de acordo com a temperatura da areia. Temperaturas entre 28-29°C (temperatura pivotante) produzirão número proporcional de fêmeas e de machos. Temperaturas inferiores gerarão mais machos e superiores acarretarão em maior taxa de fêmeas. Assim, com o aquecimento global, esse assunto tem gerado a preocupação e atenção dos cientistas, já que pode desequilibrar a taxa entre os gêneros e consequentemente, prejudicar a perpetuação desses animais.
Como os pais não estão presentes para auxiliar no nascimento dos filhotes, eles têm que fazer isso por conta própria. A independência já se inicia na saída do ovo, onde eles utilizam um dente temporário chamado Carúncula, que fica na extremidade da mandíbula, para quebrar a casca. Essa estrutura vai desaparecendo aos poucos após a eclosão. A saída do ninho é feita através de esforço coletivo e coordenado dos filhotes e a chegada ao topo pode demorar alguns dias. Eles permanecem próximos à superfície até que a temperatura da areia esfrie, o que normalmente indica o período noturno, em que serão menos suscetíveis a predadores e superaquecimento.
Uma vez na superfície, esses animais se guiam pela claridade do horizonte para chegarem ao mar. Acredita-se que durante esse percurso, as tartarugas armazenem as informações do local de seu nascimento (conhecido pelo termo imprint), como cheiro, sons de baixa frequência, campo magnético e posição de corpos celestes, para que na época de sua reprodução, possam voltar à mesma praia de seu nascimento.
Chegar ao mar não é tarefa fácil. É necessário driblar obstáculos como folhagens e até mesmo pegadas, além de terem que ser rápidas antes que o sol forte as mate por desidratação ou que sejam abatidas por animais como aves e caranguejos. Durante as saídas de campo aqui na Reserva Atol das Rocas, já presenciamos filhotes sendo capturados e comidos pelos caranguejos Johngarthia lagostoma e a Grapsus grapsus (Aratu).
Ao entrarem na água, os filhotes nadam por muitos quilômetros até chegarem ao alto mar, local que passarão seus primeiros anos de vida flutuando em meio a bancos de algas e onde encontrarão alimento e abrigo. Já no mar, os predadores das tartaruguinhas são tubarões, peixes e aves. Além disso, eles também podem morrer ao ingerir plástico e pedaços de piche. Por todas as dificuldades enfrentadas, estima-se que apenas um em cada mil filhotes chegarão à idade adulta, ou seja, fase de reprodução!
Durante o primeiro estágio de vida, as tartarugas possuem uma alimentação variável de moluscos, crustáceos, algas, águas-vivas e ovos de peixes. Especificamente a tartaruga verde após alguns anos se reaproxima da costa e torna-se herbívora, alimentando-se de algas.