Iniciamos a temporada 2016 de microchipagem de tartarugas marinhas na Reserva Biológica do Atol das Rocas, o único atol do Oceano Atlântico Sul.
Mas afinal, o que é um atol?
A maioria dos atóis, sobretudo os do Oceano Pacífico, são originados pelo crescimento de um anel de colônias de corais ao redor de uma ilha vulcânica. Posteriormente, o cume da ilha rebaixa-se devido a processos geológicos, ficando sob o nível do mar e originando uma laguna central profunda rodeada por recifes coralinos e ilhas arenosas: um atol!
No caso do Atol das Rocas, o principal organismo formador dos recifes não são corais, mas sim algas calcárias. Além disso, sua laguna central é muito rasa, pois o topo aplainado da montanha submarina sobre o qual cresceram os recifes fica apenas a 20 metros abaixo da superfície e é recoberto por sedimentos.
Esta montanha eleva-se desde 3 mil metros de profundidade e faz parte de uma cadeia de montes submarinos próximos à costa litorânea brasileira.
Dentre esses montes, os únicos que irromperam à flor d’água foram o Atol das Rocas e o Arquipélago de Fernando de Noronha.
Entretanto, enquanto em Fernando de Noronha a parte emersa é composta basicamente das rochas vulcânicas originais, no Atol das Rocas o platô vulcânico está totalmente submerso e sustenta camadas de areia biogênica, isto é, cujos grãos são formados a partir de esqueletos calcários das próprias algas formadoras dos recifes, de conchas de moluscos, tubos de poliquetas, corais e foraminíferos.
Boa parte dessa areia acumulou-se no lado noroeste do atol, formando duas pequenas ilhas a aproximadamente 3 metros acima do nível do mar.
Durante a maré alta, somente as ilhas e grandes rochas que dão nome ao atol (de “rocas” em espanhol) ficam expostas, mas na maré baixa, além delas, também o anel recifal e uma parte da laguna central se projetam acima da linha d’água.
Apesar de ser um dos menores atóis do mundo (perímetro de 7 km), o Atol das Rocas possui grande importância na manutenção da biodiversidade marinha brasileira.
É o principal local reprodutivo de aves marinhas do Oceano Atlântico Sul – estima-se que existam mais de 150 mil aves, entre residentes e migratórias. As residentes que nidificam no local são: atobá-mascarado (Sula dactylatra), atobá-marrom (Sula leucogaster), trinta-réis-do-manto-negro (Onychoprion fuscata), viuvinha-negra (Anous minutus) e viuvinha-marrom (Anous stolidus). As espécies residentes não nidificantes que utilizam o atol como ponto de alimentação são: atobá-do-pé-vermelho (Sula sula) e fragata (Fregata magnificens). Entre as espécies migratórias, destacam-se maçaricos e batuíras.
Outros animais terrestres são normalmente pequenos como os carrapatos (associados às aves) e outros que provavelmente foram introduzidos pelos humanos (aranhas, baratas, grilos, escorpiões, ratos, besouros e formigas).
A flora do local conta com algumas poucas espécies herbáceas que toleram alta salinidade e solo pobre em nutrientes, além dos coqueiros, que foram introduzidos.
A vida marinha apresenta-se em profusão, contando com várias espécies de algas, esponjas, cnidários (corais, anêmonas), poliquetas, moluscos (caramujos, polvos), crustáceos (lagostas, caranguejos), peixes (cirurgiões, donzelas, sargentos, budiões, xaréus, garoupas, tubarões). Há também, claro, tartarugas marinhas, mas essas serão assunto de um próximo diário de bordo.