Tartaruga-marinha (Cheloniidae) é a família da ordem das tartarugas que inclui as espécies de tartaruga que vivem no mar. O grupo é constituído por seis gêneros e sete espécies, todas elas ameaçadas de extinção.
As tartarugas-marinhas habitam todos os oceanos, em zonas de água tropical e subtropical. A maioria das espécies são migratórias e vagueiam pelos oceanos, orientando-se com a ajuda do campo magnético terrestre. A Tartaruga de couro é a maior espécie, atingindo 2 m de comprimento e 1,5 m de largura, para 600 kg de peso.
Após atingir a maturidade sexual, em muitas espécies apenas por volta dos 30 anos, a fêmea regressa à praia onde nasceu para enterrar os seus ovos na areia. As tartarugas são extremamente fiéis a este local e não nidificam noutras praias. A Reserva Biológica (ReBio) do Atol das Rocas é um dos locais do litoral brasileiro que primeiro ofereceu refúgio livre da predação humana às tartarugas marinhas. A própria criação da reserva foi fortemente influenciada pela necessidade de protegê-las. A iGUi ecologia participa do projeto pioneiro de microchipagem de tartarugas-marinhas na ReBio, com o seu segundo ano de atuação.
Das 7 espécies de tartarugas marinhas, 5 habitam os mares brasileiros e duas ocorrem no atol e suas imediações: a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e a tartaruga-verde (Chelonia mydas). A primeira utiliza o local apenas como área de alimentação, enquanto a segunda nidifica nas ilhas.
A tartaruga-verde é o foco do nosso trabalho. É a segunda maior espécie entre as tartarugas marinhas – até 140 centímetros de comprimento de carapaça e 160 kg -, perdendo apenas para a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Distribui-se em zonas tropicais e subtropicais próximas à costa e ao redor de ilhas, sendo raramente observadas em alto-mar. Suas áreas de alimentação são costeiras e com muita alga. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), é categorizada como ameaçada de extinção.
Os principais locais de desova da tartaruga-verde no Brasil são as ilhas oceânicas, além de pontos de nidificação ocasionais no continente. Na ReBio do Atol das Rocas, a temporada reprodutiva se inicia em novembro e vai até julho. De novembro a fevereiro ocorrem as cópulas, de janeiro a maio, as desovas e, finalmente, os nascimentos acontecem de março a julho. Ao sair do mar para encontrar um local para nidificar, a tartaruga deixa um rastro bem parecido com o de um pneu de um trator, o que nos direciona ao seu encontro, onde podemos acompanhar a sua desova.
Após a tartaruga encontrar um local que julga adequado para a desova, ela inicia um movimento com as nadadeiras anteriores para formar uma “cama” medindo cerca de 2 metros de diâmetro, antes de iniciar a confecção do ninho propriamente dito. Muitas camas podem ser construídas até que a tartaruga marinha decida qual é a mais apropriada para ela fazer seu ninho.
Depois de feita a cama, a tartaruga passa a realizar movimentos parecidos com uma pá, com as nadadeiras posteriores, a fim de fazer o ninho em formato semelhante a uma pêra, com cerca de meio metro de profundidade. Apesar de todo esse esforço, também já observamos ninhos abandonados sem que a tartaruga desovasse.
Quando finalmente desovam, as tartarugas botam em média 120 ovos de formato esférico, com a casca flexível, recobertos por um muco que protege os ovos a não se quebrarem quando caem no ninho. A partir de então, os ovos ficam encubados nos ninhos por um período que varia de 45 a 60 dias, quando finalmente os filhotes nascem. A variação entre o sexo dos filhotes depende da temperatura dos ninhos, quando o ninho recebe mais calor a probabilidade de ter mais fêmeas é maior e vice-versa.
Durante as últimas décadas, vários esforços têm sido conduzidos ao redor do mundo visando a preservação de espécies de tartarugas marinhas. O trabalho de conscientização vem levando a que mais e mais pessoas deixem de abater as tartarugas por sua carne ou depredar os ninhos em busca dos ovos. Apesar do sucesso dessas iniciativas, outras atividades antrópicas vêem impactando as populações de tartarugas marinhas, tais como pesca incidental por redes, degradação das áreas naturais de alimentação, veículos automotivos circulando pelas praias, lixo e urbanização das áreas de desova, etc.
Em áreas costeiras onde há grande circulação de embarcações, são comuns colisões com as tartarugas, provocando ferimentos, usualmente graves – a parte posterior do casco é frequentemente atingida, pois fica exposta e se choca com a hélice do motor quando as tartarugas mergulham para tentar escapar.
De todos os problemas ambientais marinhos atuais, a maior problemática é a poluição por resíduos sólidos (lixo) e químicos. As grandes quantidades de poluentes lançados nos oceanos são levadas pelas correntes e atingem áreas bastante remotas. Na Reserva Biológica do Atol das Rocas não raramente são encontrados diversos materiais de origem humana como garrafas plásticas, calçados, boias e cabos de pesca, entre outros. Deste modo conseguimos imaginar a situação dos oceanos em áreas antrópicas.
Mas, essa é uma poluição que conseguimos visualizar! Existe uma outra poluição mais perigosa, silenciosa e essa não conseguimos visualizar… chamamos de poluição invisível. São elas: poluição por esgotos e compostos químicos (tanto orgânicos como os inorgânicos).
Para ler os diários de bordo deste ano acesse: https://bwvet.com.br/site/?page_id=2094
Preserve a natureza… isso é uma obrigação nossa!