Já falamos aqui sobre mais uma consequência do tsunami devastador que atingiu a costa do Japão em 2011: a chegada de espécies na costa dos Estados Unidos vindos da costa do Japão (https://www.iguiecologia.com/tsunami-levou-novas-especies-aos-estados-unidos/). Devido ao mar aberto ser praticamente um deserto, uma vez que os nutrientes vem dos rios e de ambientes rasos, imaginava-se que a chegada desses animais seria um caso isolado pois outros animais não conseguiriam sobreviver muito mais tempo nas condições inóspitas do mar aberto.
Dois anos depois do primeiro estudo relatando a chegada desses animais outro estudo confirmou que mais animais provenientes da costa do Japão continuam chegando. Os detritos plásticos que funcionam como barcos carregando os animais tem se acumulado na costa sazonalmente e o mais recente registro de avistamento de um animal vivo – um minúsculo caranguejo – foi em julho de 2018. De alguma forma essas criaturas, adaptadas para a vida na costa, estão sobrevivendo no mar por pelo menos sete anos – cinco anos a mais do que os casos previamente documentados.
Grande parte do lixo de 2011 foi feito de plástico, ao contrário da última vez em que o Japão foi atingido por um tsunami desse tamanho, em 1933, muitos anos antes do surgimento generalizado de produtos plásticos. Objetos de madeira se degradam no oceano em apenas dois ou três anos, quando são comidos por vermes comedores de madeira, de modo que qualquer organismo que possa estar agarrado a uma jangada de detritos de madeira tem apenas alguns anos para chegar à costa. O plástico, por outro lado, não se degrada.
A combinação do surgimento do plástico, a probabilidade de que as mudanças climáticas intensifiquem os furacões e os tufões e a capacidade das espécies marinhas de flutuar no oceano aberto por meia década ou mais cria um novo vetor para espécies invasoras. E como já vimos ((https://www.iguiecologia.com/especies-invasoras/) isso pode trazer consequências negativas para o meio ambiente.