Há tempos a humanidade vem discutindo sobre a importância de ter água potável disponível para a sobrevivência, mas muitas dificuldades são encontradas para transformar água comum em água potável, ou seja, apropriada para o consumo. Apesar de ser um recurso fundamental a vida, o acesso a água potável não é uma realidade para mais de ¼ da população mundial. Mas hoje vamos conhecer o PROJETO AQUALUZ, ganhador do prêmio “Jovens Campeões da Terra” promovido pela ONU Meio Ambiente!
Com toda essa problemática, uma jovem chamada Anna Luisa Santos, apaixonada por ciência, decidiu colocar em prática suas ideias. Aos 15 anos (2013), inscreveu-se no Prêmio “Jovem Cientista”, cuja ideia era solucionar o problema de escassez de água potável na região onde morava, no Semiárido nordestino. Ela não venceu, mas continuou aperfeiçoando sua ideia. Em 2018, ela participou do “Camp de Ecoinovação”, promovido por ONU Meio Ambiente, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e plataforma Green Nation, durante o Fórum Mundial da Água, no ano passado, e venceu na categoria “ideias”. No mesmo ano, com apoio do Instituto TIM, lançou os primeiros modelos do “Aqualuz”, uma tecnologia que purifica a água por meio de radiação ultravioleta. E finalmente, ela foi a vencedora do Prêmio “Jovens Campeões da Terra”, apoiado pela empresa alemã Covestro. Esse prêmio é a principal iniciativa da ONU Meio Ambiente para jovens com soluções e ideias inovadoras para enfrentar os principais desafios ambientais do nosso tempo.
O AQUALUZ é um dispositivo que é acoplado às cisternas e elimina 99,9% das bactérias, sem usar nenhum produto químico tóxico. Sem contar que a vida útil desse dispositivo é em torno de 20 anos, a manutenção é simples e o melhor é que custo é de três centavos a cada 10 litros de água tratada. O projeto de Anna Luisa já está presente em 53 residências, em cinco dos nove estados do semiárido brasileiro. Hoje ela já montou uma empresa chamada “Safe Drink for All/Aqualuz”, para saber sobre orçamentos é só clicar no link: https://www.sdwforall.com.br/.
De acordo com a jovem cientista, o foco do “Aqualuz” é o público de baixa renda atendido por programas de assistências sociais governamentais ou de iniciativas de responsabilidade social corporativa, no qual ela evidencia que a necessidade pela água potável é um direito humano não respeitado.
O “Aqualuz” é considerado um projeto social multidisciplinar, uma vez que trabalha com 3 indicadores de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Além de disponibilizar o acesso a uma tecnologia inovadora para água potável às famílias, o projeto visa também reduzir o índice de doenças de veiculação hídrica e ainda melhorar o desempenho escolar das crianças (todos estão como ODS).
O projeto social “Aqualuz” se inicia com: oficina de Capacitação onde é falado sobre o projeto e sobre saneamento, só então que ocorre a Implementação da tecnologia em conjunto com um parceiro realizando uma nova capacitação prática e utilizando como ferramenta um aplicativo do “Aqualuz” para registrar todos os dados dos beneficiários. Inclusive o parceiro responsável pelo monitoramento também pode utilizar o aplicativo do “Aqualuz” como ferramenta para facilitar a localização e a atualização de dados sobre os benefícios. Após o recolhimento de tudo, um relatório de impacto pode ser gerado em uma plataforma.
A incidência de doenças de veiculação hídrica associadas à má qualidade da água consumida por parte da população do semi-árido refletem nos indicadores de mortalidade infantil na região. Soluções como cloração, filtro de barro (os mais simples) e fervura da água não são ideais para resolver esse problema por questões sociais. Por isso, faz-se necessário uma tecnologia capaz de promover o acesso democrático à água potável, considerando todas as particularidades que a população no semiárido vive, para garantir a viabilidade de solucionar o problema.
Anna Luisa (hoje com 21 anos) relata, em entrevista a ONU, que a ideia surgiu quando ela ainda estudava no colégio e viu um cartaz para o prêmio de jovem cientista. Ela se interessou muito e o tema era água e, por coincidência, aquele ano (2013) tinha sido estabelecido pela UNESCO como o Ano Internacional de Cooperação para a Água. Foi então que ela elaborou um projeto para tecnologia sustentáveis de tratamento de água. Naquele ano o projeto não recebeu nenhum prêmio, mas Anna Luisa não desistiu da sua ideia e alguns anos depois, começou a cursar Biotecnologia na Universidade Federal da Bahia, onde teve apoio dos professores e incentivo para continuar no desenvolvimento do projeto, e foi então em 2015 que fundou a startup “Água Potável e Segura para Todos” (Safe Drink for All, em inglês).
Anna Luisa relata ainda que “ao desenvolver uma tecnologia inovadora, além de pensar na eficiência técnica, devemos sempre pensar nos usuários finais, de forma a criar algo que possa integrar-se aos valores e costumes locais”.
Além disso ela incentiva todos os cientistas para acreditarem em seus projetos, e diz que: “Às vezes não é suficiente ter uma ideia interessante, você também precisará mostrar que ela é realmente viável, seja testando ou aperfeiçoando. Dificuldades sempre aparecerão, mas se você realmente acredita na ideia e tem o sonho de mudar o mundo, permaneça resiliente e esse sonho se materializará.”
Para acessar a entrevista com a fundadora do projeto é só acessar o link: https://nacoesunidas.org/jovem-brasileira-e-finalista-de-premio-global-da-onu-com-tecnologia-para-purificar-agua/.
Agora é a hora de agir para combater o estresse hídrico, devemos achar novas formas de proteger, reciclar e reutilizar este precioso recurso.
Caso você queira participar do prêmio “Jovens Campeões da Terra” é só entrar e mostrar sua ideia https://www.unenvironment.org/youngchampions/pt-br .