Um trabalho publicado recente na revista Science of the Total Environment, “Valuation of banana peels as an effective biosorbent for mercury removal under low environmental concentrations” (Avaliação de cascas de banana como um biossorvente eficaz para remoção de mercúrio sob baixas concentrações ambientais), traz um estudo sobre o uso de cascas de banana como biossorvente (processo no qual se utiliza sólidos de origem vegetal ou micro-organismos na retenção, remoção ou recuperação de metais pesados de um ambiente líquido) de mercúrio em diferentes soluções aquosas. O estudo foi realizado por uma equipe de pesquisadores de Aveiro, Portugal. A capacidade de cascas de banana para sorver o mercúrio também foi examinado em águas “reais”, como água do mar e águas residuais, o que confirmou a viabilidade do biossorvente.
A banana é uma das frutas mais popular e consumida em todo o mundo. Sua produção mundial aumentou de 68,2 milhões de toneladas em 2000 para 117,9 milhões de toneladas em 2015, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FA0, 2018). A casca de banana representa 30-40% do peso total da banana, gerando anualmente cerca de 50 milhões de toneladas de resíduos. Em sua constituição, a casca de banana contém grandes quantidades de celulose, que possui grupos funcionais capazes de ligar/reagir com metais. Além disso, os conceitos de economia circular e processos verdes ampliam o interesse de usar esse tipo de biomassa como biossorvente, contribuindo para a gestão de resíduos e agregando valor para este subproduto.
Entre os metais tóxicos responsáveis pela contaminação dos sistemas aquáticos, o mercúrio é um dos mais problemáticos devido à sua persistência no meio ambiente e ampliação ao longo da cadeia alimentar. Pela Agência de Registro de Substâncias Tóxicas e Doenças (ATSDR) este metal é classificado como terceira substância mais perigosa e pode ocorrer como mercúrio elementar ou metálico, orgânico e formas inorgânicas. Nos sistemas aquáticos o mercúrio pode ser convertido em várias formas, e os efeitos tóxicos ambientais aumentam quando o mercúrio inorgânico é transformado em metilmercúrio.
Mesmo pequena concentração metilmercúrio apresenta riscos consideráveis à saúde, afetando o sistema nervoso central e cardiovascular, enquanto o mercúrio elementar e inorgânico afeta os rins, pulmões e o sistema imune. Deste modo, preocupações sobre os efeitos da exposição ao mercúrio encorajam o desenvolvimento de novas tecnologias limpas. Além disso, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas promove a minimização da liberação de produtos químicos e materiais perigosos, fomentando o tratamento e a reciclagem de águas residuais e a reutilização de água segura em todo o mundo.
Muitas vezes, a solução dos problemas está nas coisas mais simples e, nesse caso, a natureza está nos fornecendo….