O encontro com o boto-vermelho (Inia geoffrensis) em nossa expedição foi um dos pontos mais altos.
O ato de nadar com o boto não é tão simples… não é somente entrar na água e pronto.
Tudo começou no município de Novo Airão, a 180 Km de Manaus, quando em 1998 o contato próximo aos seres humanos foi estabelecido.
Deste então, o turismo com os botos cresceu muito na região, assim como seus problemas com ele, pois no início eram os turistas quem davam o alimento para o animal, ocasionando muitas mordidas e acidentes. Não havia uma quantidade pré-estabelecida de alimento para eles, ou seja, comiam muito o dia inteiro.
Deste modo, foi lançada a portaria 47 em 09/04/2012, no qual estabelece um ordenamento para a visitação dos Botos. E, a publicação de 2017 Ordenamento participativo do turismo com botos no Parque Nacional de Anavilhanas, Amazonas, Brasil de Marcelo Derzi VidalI e colaboradores, enumera todas as ações que deverão ser realizadas antes e durante a interação com os botos.
Atualmente, apenas os proprietários das casas flutuantes podem alimentar os botos, oferecendo somente peixe resfriado e em quantidade máxima de 2 kg por dia para cada animal. Este procedimento fez com que acabasse todos os acidentes envolvendo os botos e turistas, como as mordidas.
E, com a nossa equipe não foi diferente. Fomos acompanhados pela pesquisadora Ellen Helena Santos de Pinho Garcia, Bióloga e mestre em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Ela nos explicou toda a biologia do boto e como deveríamos nos comportar em relação a atividade interativa com o boto.
Para quem está acostumado aos cetáceos marinhos, interagir com o boto é uma emoção inigualável. Conseguimos interagir com animais de diferentes tamanhos e nomes que os próprios donos dos flutuantes dão aos animais… O menor era o Arthur e os maiores eram o Lua e o Lucivaldo. Lembrando que não há fêmeas nessa interação, somente machos.
O alimento foi controlado e oferecido somente pelos nativos, o que eu achamos ótimo pois os animais são realmente grandes e vorazes pelos peixes oferecidos, somente uma pessoa com prática é capaz de realizar a alimentação.
Esses animais não ficam somente em um só flutuante, eles nadam bastante. De acordo com a Ellen Helena, “Esses animais podem residir em determinada área de vida, mas ao mesmo tempo podem se deslocar por grandes distâncias, embora não seja de forma sazonal, por isso não é considerado como uma espécie migratória. Mas sim, realmente podem explorar diferentes tipos de habitat conforme a dinâmica dos rios, de grandes canais a florestas alagadas, em diferentes porções da bacia”.