Essa semana a iGUi Ecologia está participando da campanha que mostra como as aves marinhas, em especial as fragatas, estão sendo ameaçadas pelo simples ato de empinar pipa (Baixe aqui o manifesto!).
Empinar pipa é uma atividade saudável e divertida, porém quando substituem as tradicionais linhas de algodão por aquelas impregnadas com cerol (mistura de cola e vidro) ou linha chilena (fio encerado com quartzo moído, algodão e óxido de alumínio) a brincadeira deixou de ser divertida e transformou as pipas em verdadeiras “navalhas voadoras”. Podem causar até a morte de pessoas…
Eles também representam também importante ameaça às fragatas (Fregata magnificens), uma espécie de ave marinha facilmente visível planando pelas áreas costeiras do Rio de Janeiro (https://www.iguiecologia.com/fragata-magnifica/ ). Nos últimos anos, equipes veterinárias que trabalham com resgate e reabilitação de animais silvestres têm registrado um aumento de fragatas com graves lesões nas asas, decorrentes da interação com linhas de pipa.
Em 2020, a suspensão das aulas nas redes públicas e particulares de ensino decorrente das medidas de distanciamento social recomendadas para conter o ritmo da pandemia do COVID-19, representou mais crianças e adultos em casa, aumentando a frequência da prática de empinar pipas. Em consequência, houve um aumento dramático no número de fragatas atingidas pelas linhas de pipa e encaminhadas para reabilitação veterinária, conforme estimativas (certamente subestimadas) mostradas no gráfico abaixo.
Mas não é somente as fragatas, as Araras-azuis no Mato Grosso do Sul também estão sendo atingidas com esse tipo de linha…
A interação entre a linha de pipa e as aves marinhas provoca a ruptura dos tendões da asa, impedindo o voo do animal, que cai imediatamente no solo e pode morrer em poucas horas se não receber tratamento especializado imediato. Nos casos menos severos, os animais são submetidos a cirurgias de restauração dos tendões. No entanto, o pós-cirúrgico é longo e os animais precisam passar por muitas sessões de fisioterapia para recuperar a capacidade de voo. Infelizmente, em muitos casos, a lesão é tão severa e as chances de recuperação são nulas, não restando alternativa senão a eutanásia. Para piorar o cenário, de acordo com especialistas, estamos no pico reprodutivo destes animais e os filhotes dependem do retorno das fêmeas às ilhas para alimentá-los. Caso não voltem podem morrer de inanição comprometendo a população destas aves a médio e longo prazo.
Esse tipo de linha é proibido por lei, Lei Estadual Nº 8478, de 18 de julho de 2019, que proíbe a comercialização, o uso, a fabricação, a venda, o porte e a posse do cerol e da linha chilena, bem como de qualquer outro produto utilizado na prática de soltar pipas que possua elementos cortantes.
Deste modo, mais de 48 instituições subscrevem um manifesto a favor de medidas mais eficazes, como:
- garantir o cumprimento da lei Nº 8478/2019, por meio do reforço da fiscalização, com especial ênfase, nas etapas de fabricação, transporte e comercialização do cerol e da linha chilena;
- promover e difundir campanhas educativas, incluindo nas redes públicas de ensino, que promovam a sensibilização da população para o uso consciente das linhas de pipa, buscando a salvaguarda da vida humana e de animais silvestres componentes de nossa rica biodiversidade.