Hoje é comemorado o Dia da Educação ambiental e o da bicicleta. E para comemorar esse dia vamos conversar com a Bióloga Mariana Burato, que atua com educação ambiental desde 2015 e atualmente é a bióloga que trabalha no Instituto BW realizando educação ambiental na região dos Lagos, no Rio de Janeiro.
Como a educação ambiental pode ser uma ferramenta para melhorar a qualidade do meio ambiente?
A melhoria da qualidade do meio ambiente está atrelada, principalmente, com a mudança de hábitos nocivos à natureza, pois somente assim que chegaremos a tão almejada melhora da qualidade do meio ambiente. Infelizmente, há décadas o ambiente vem sendo explorado de maneira exacerbada e sem reflexões nos danos causados pelo desequilíbrio ambiental nas espécies, incluindo a espécie humana. Utilizar a educação ambiental como ferramenta para a melhoria da qualidade do meio ambiente é uma estratégia palpável, e ao meu ver indispensável, para que exista o entendimento e o desenvolvimento humano de maneira integrada, sem separação, sobre o meio em que o ser humano está inserido e todas as relações existentes, tanto nos aspectos ecológicos, sociais, econômicos, científicos, culturais, éticos, até os aspectos psicológicos e legais, e através dessas relações interligadas, garantir a melhoria na qualidade ambiental, e consequentemente na melhoria da qualidade de vida de todas as espécies existentes com medidas preventivas ao invés de medidas corretivas aos erros e danos com o meio ambiente.
Na sua opinião qual É a faixa etária que mais absorve os ensinamentos?
Não existe uma idade específica para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, mas sem dúvida, as crianças entre 04 a 15 anos são as que mais contribuem com a prática da Educação ambiental, uma vez que eles estão receptivos aos novos hábitos e novos conhecimentos, sem contar que essa faixa etária é disseminadora dos conhecimentos adquiridos e quando integram o novo conhecimento eles se tornam verdadeiros “fiscais” em suas casas e locais de convívio. Uma vez que as crianças e adolescente entram em contato com o meio e que entendem as funções de cada nicho, eles defendem a causa e se comportam de maneira ambientalmente correta. É importante ressaltar que o quanto antes começarmos a retratar sobre os assuntos ecológicos, mais fácil fica de virar um hábito, porém nunca é tarde para falarmos sobre o assunto.
Você já teve alguma experiência a longo prazo que pudesse comprovar a eficácia dessa educação?
Sim, eu tive a oportunidade de atuar em 8 escolas do município de Saquarema/RJ, com crianças de 02 a adolescentes de 17 anos, por 2 anos consecutivos. Eu vivenciei a mudança de hábitos desse público, assim como pude observar a relação emocional que se desenvolveu entre os participantes e o meio ambiente. No início das atividades, a maioria deles não conhecia o ambiente onde eles moravam e não possuíam relação afetiva com o local, porém logo após as primeiras práticas de educação ambiental feitas, já se notou o encantamento pelos novos conceitos e pelas mudanças de hábitos. Após o segundo ano consecutivo, foi notória a melhoria desde o desenvolvimento e organização dentro da sala de aula, assim como a preocupação desse público em relação a ações voltadas para a conservação da natureza, e principalmente sobre o entendimento do papel de cada um na manutenção e no equilíbrio ambiental.
A educação ambiental deveria ser parte integrante da grade curricular nas escolas? Ou você acha que capacitar os professores já é suficiente?
No Brasil, temos a Lei 9.795/99 que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental, a qual define que todos os níveis e modalidades do processo educativo devem conter educação ambiental, sendo considerada um tema transversal e que deve ser abordado por todos os professores, assim como em locais públicos e privados, porém de acordo com a minha vivência o tema fica concentrado apenas nos professores de ciências, e ao meu ver a capacitação de todos os professores e educadores seria a maneira mais adequada, e segura, para garantir que a educação ambiental seja feita de maneira correta, principalmente pelo fato de que trazer a responsabilidade ambiental para o ser humano é uma questão bem profunda entre conhecimento e as emoções dos seres em questão e do contexto vivido. Todo e qualquer conhecimento para ser integrado precisa fazer sentido para o ser que está aprendendo, principalmente por meio de estímulos entre o pensar, sentir e agir, fazendo uma correlação entre a vida do aprendiz com as informações do ambiente. Levando em consideração esse recorte, além da capacitação dos professores, os locais de estudo formal e informal juntamente com os governantes devem proporcionar o suporte necessário para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, e isso é algo que deve ser feito imediatamente!
Hoje também é o dia mundial da bicicleta, você enxerga alguma relação entre a bicicleta e o meio ambiente?
Com certeza a bicicleta possui uma relação direta com o meio ambiente, principalmente por ser considerado um meio de transporte limpo, ou seja, sem a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, a bicicleta é uma aliada quando se trata de hábitos positivos em relação ao meio ambiente. Se você tem a possibilidade de andar de bicicleta ao invés de carro, faça isso diariamente, além de contribuir para o meio ambiente está contribuindo também para a sua saúde física e mental.