Já imaginou a utilização de esgoto tratado para ser utilizado na pavimentação? A arquiteta e urbanista Mariana Rodrigues Ribeiro dos Santos, o engenheiro químico Adriano Luiz Tonetti e o engenheiro civil Gustavo Henrique Siqueira, da Unicamp desenvolveram essa proeza com sucesso! O trabalho foi dividido em partes…
Adriano, ficou encarregado de avaliar a utilização do esgoto tratado proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), operada pela Sanasa, em Barão Geraldo, distrito do município de Campinas, SP, para a fabricação de blocos de concreto. Gustavo, ficou encarregado de produzir os corpos de provas, ou seja, modelos experimentais, para que os mesmos sejam testados sob sua eficaz, na resistência e na absorção de água, comparando sempre com aqueles feitos de água potável. E, os resultados mostraram que ambos se apresentam semelhantes, indicando que a água de reuso (água tratada) poderá ser utilizada como alternativa e deste modo reduzir a utilização de água potável na produção de concretos.
A outra integrante da pesquisa, Mariana, teve seu papel na área de planejamento ambiental, avaliação de impactos e atividades correlatas, verificando como as pessoas reagiriam diante da utilização de blocos de concreto intertravados produzidos a partir de 100% de esgoto tratado ao lado de outros blocos de concretos produzidos por água potável.
Esse trabalho rendeu dois artigos científicos: Environmentally Friendly Interlocking Concrete Paver e Water Reuse in the Production of Non-reinforced Concrete
O Brasil possui a maior reserva de água doce do planeta, porém sua distribuição é extremamente desigual o que acarreta estresse hídrico (https://www.iguiecologia.com/estresse-hidrico/) em determinadas épocas do ano em algumas regiões. E, contribuindo com essa problemática, sabemos que a construção civil é uma das atividades que mais utilizam recursos naturais.
A água de reuso possui um custo muito inferior quando comparada a água potável, o que é visto com bons olhos nas usinas de concreto, mas resta saber como elas receberiam essa inovação. As normas atuais não permitem a utilização desta água, porém é necessário enfatizar no estudo da viabilidade da mesma, pois a indústria de concreto está entre as que mais demandam água. Deste modo, este trabalho pioneiro tem como objetivo fornecer suporte a técnicas e processos que permitam minimizar o consumo da água tratada na produção de concreto.