Pode parecer estranho, mas há décadas os cientistas sabem que uma grande quantidade de poeira do deserto do Saara viaja milhares de quilômetros até chegar a floresta amazônica e no qual é importante na manutenção da floresta. A floresta amazônica é uma floresta tropical densa e rica em água, abastecida por nascentes vindas de outras áreas. Junto com as chuvas e enchentes, faz com que um grande volume de água desemboque no rio Amazonas levando junto com a água nutrientes valiosos para a floresta. A maioria dos nutrientes perdidos é rapidamente reposto pelas plantas e animais da região, mas o fósforo, nutriente fundamental para a manutenção da floresta, é levado junto com as enchentes. Estima-se que a floresta perca 22 mil toneladas de fósforo por ano. E é aqui que entra o deserto do Saara.
Em 2015 um estudo realizado pela Nasa comprovou o transporte da areia e a quantidade de areia e nutrientes transportados entre o deserto do Saara e a floresta Amazônica. Os dados coletados pelo satélite da Nasa entre 2007 e 2013 mostram que a cada ano, o vento carrega 182 milhões de toneladas de poeira da região oeste do Saara, desse total 27,7 milhões de toneladas são depositadas na bacia do rio Amazonas, o restante cai no oceano Atlântico ou continua a viagem até o Mar do Caribe.
Grande parte da areia transportada é proveniente de uma região na África chamada Depressão Bodelé, no Chad. Essa região rica em nutrientes era o maior lago da África e secou há pouco mais de mil anos. A poeira que se origina lá é proveniente do fundo do lago, repleto de restos orgânicos. Do total da areia transportada para a floresta estima-se que 22 mil toneladas seja de fósforo, justamente a quantidade que a floresta perde anualmente por causa das chuvas e enchentes.