A crescente resistência de bactérias a antibióticos está emergindo como uma das maiores preocupações mundiais de saúde pública do século 21. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, podemos estar entrando em uma era pós-antibiótico, quando infecções bacterianas simples e anteriormente tratáveis podem matar. Embora os estudos tenham associado a administração intensiva e muitas vezes desnecessária de antibióticos ao aumento da resistência, o papel do meio ambiente no surgimento e disseminação da resistência recebeu pouca atenção.
Sem a interferência humana, a seleção de bactérias resistentes acontece naturalmente em populações de bactérias no solo, na água e outros habitats. No entanto o uso atual de centenas de milhares de toneladas de antibióticos e consequentemente o lançamento de resíduos de antibióticos no ambiente produzem um aumento exacerbado de bactérias resistentes. Depois de consumidos a maioria dos antibióticos são excretados sem metabolização, juntamente com as bactérias resistentes. Eles podem passar por esgotos e cisternas ou cair diretamente no solo e nos rios, misturando com as bactérias já presentes. A combinação de toneladas de antibióticos com bactérias resistentes e bactérias naturais está gerando uma revolução bacteriana promovendo o surgimento de mais cepas resistentes.
Devemos lembrar que não é só o consumo humano de antibióticos que é lançado nos rios e solos, a criação de gado, frango e peixe também usa antibióticos que são lançados no meio ambiente, as vezes sem nenhum tipo de tratamento, bem como o descarte de hospitais e indústrias farmacêuticas. Para resolver esse problema será necessário abordar o uso e descarte de antibióticos em todas suas formas de uso para podermos reduzir a taxa em que a resistência se desenvolva.